Terça-feira, 16 de Outubro de 2007
Pobreza? Só se for de espírito.....

 

Sinto-me triste!

 

Todas as manhãs, enquanto me dirijo para o emprego, ouço a rádio.

E todas as manhãs ouço um anúncio de uma instituição bancária em que o locutor pergunta a um jovem:

- "Hã, que sorte... O primeiro ordenado.... 375 €... Já viste quanto isso dá em moedas de cêntimo?"

- "Pois é..."

- " E agora? Que vais fazer com tanto dinheiro?"

- "Sei lá... Vou ao cinema com a minha namorada, depois se calhar compro um CD ou talvez dois e o resto entrego ao meu contabilista..."

- "E que mais?"

- "Pois não sei... Invisto.... Ou tomo um café..."

O texto é, mais ou menos, este. E tem variantes. Também tem uma moça cujo maior sonho é comprar umas calças que viu no Saldanha... bem, verdade seja dita: esta é quase milionária, uma vez que aufere uns exorbitantes 430€...

 

Escusado será dizer que todo o anúncio é dito num tom de voz extremamente feliz, como se tivesse saído a sorte grande mais o totoloto mais o euromilhões mais o totobola...

 

E sim! O anúncio ainda serve para fazer publicidade a outros produtos: desconto de 50% no seguro de saúde no primeiro ano (sim, só no primeiro ano), condições especiais para aquisição de carro, 1 de 3 modelos à escolha, condições especiais para aquisição de 1 I-Pod de 80 Gb (como se pode ver, um produto de extrema necessidade), enfim, uma série de vantagens oferecidas por este banco.

 

Na verdade sinto-me triste porque já se assume abertamente que os valores mencionados são algo de bom quando, na verdade, são salários miseráveis...

 

Sinto-me triste porque o nº de pessoas a auferirem esse tipo de salários é suficientemente elevado para atraírem a atenção dos abutres bancários.

 

Sinto-me triste porque o que é oferecido são coisas perfeitamente inúteis: Se uma pessoa ganha 370 euros vai contratar um seguro de saúde? Parece-me que não: afinal, não serve para todas as necessidades, tem que se pagar a despesa por inteiro antes de se ser ressarcido, há ainda a eventualidade de a companhia não autorizar algum meio auxiliar de diagnóstico... Não, parece-me que quem ganha aquela fortuna toda vai mesmo usar o Serviço Nacional de Saúde....

E o carrito? Bem, com aquele ordenadão sempre o quero ver a por gasolina, pagar impostos, seguros...

E ainda, para finalizar, o pacote informático até 50 euros/mês.

 

OK!

Certo!

 

Se retirarmos as prestações todas, quanto é que fica para o dono do ordenado?

E depois vêm aquelas coisas de somenos importância.

Digo de somenos porque para essas não existe crédito.

Como é evidente, refiro-me à paparoca, aos trapinhos, às chancas e, já agora, um quartinho para habitar.

Pois, parece que para isso já não há orçamento.

Mas não importa.

 

QUEM SABE, SABE

E O BES É QUE SABE

(como chupar cada cêntimo ao incauto desprevenido)



publicado por amexilhoeira às 22:03
link do post | comentar | favorito


mais sobre mim
pesquisar
 
Maio 2010
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1

2
3
4
5
6
7
8

9
10
11
12
13
14
15

16
17
18
19
20
21
22

23
24
25
26
27
28
29

30
31


posts recentes

Pobreza? Só se for de esp...

arquivos

Maio 2010

Fevereiro 2010

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Março 2009

Dezembro 2008

Abril 2008

Novembro 2007

Outubro 2007

Julho 2007

Outubro 2006

Setembro 2006

tags

todas as tags

links
blogs SAPO
subscrever feeds