Exmos Senhores
Hoje,2 de Novembro de 2007, caiu mais uma notícia bombástica neste Portugal dos Pequeninos:
Para disciplinar o trânsito nas estradas, vai haver mais um dístico para colar no tão já ocupado vidro pára-brisas do nosso carrito.
O dístico do bom, médio ou mau condutor vai-se juntar ao selo do seguro, ao selo da inspecção periódica e, se for caso disso, à autorização de estacionamento. Com jeitinho, lá se arranjará uma nesga para espreitarmos para a estrada....
Mas afinal que dístico é este?
Pois, é mais ou menos assim:
Alguém lá no Mistério da Administração Interna surgiu com a idéia de que para disciplinar um pouco as coisas nas estradas se deveriam rotular os condutores consoante a sua participação e culpa em acidentes. Consoante o nº de acidentes se atribuirá um dístico de determinada côr.
O programa em cartaz chama-se Risco Zero e divide os condutores em 3 categorias.
RISCO MÍNIMO - para quem não tenha tido culpa em acidentes nos últimos 3 anos ou tenha tido culpa em 1 acidente nos últimos 10 anos. Dá direito a dístico verde.
RISCO MÉDIO - aquele que teve culpa em dois acidentes no último ano ou em três nos últimos 10 anos. Ganha o direito de utilizar um dístico cor de laranja.
RISCO MÁXIMO - para os que provocaram mais de 2 acidentes o ano anterior ou que foram responsabilizados por 4 ou mais acidentes na última década. Estes têm reservado o dístico vermelho.
E quem vai dar esta informação? As seguradoras, claro.
Mas estas apenas dão a informação a uma task-force que analisa o perfil de cada condutor, que decide qual o dístico que cada um ficará obrigado a colocar no canto inferior esquerdo do pára-brisas, em local bem visível, e remeterá essa informação para a companhia de seguros que, essa sim, fará a distribuição dos lindos selitos pelos felizes contemplados.
O que me levanta uma dúvida: estando este governo apostado em acabar com os funcionários públicos, quem irá contratar para constituir a dita cuja task-force? Decerto não recorrerá aos funcionários que se encontram em quadros de excedentários porque esses são isso mesmo: excedentários...
Por outro lado, essa equipa terá que ser necessáriamente algo numerosa: para analisar e decidir de todos os condutores deste país, e pelo que eu vejo todos os dias nas vias de entrada nas grandes cidades (que foi? vejo na televisão todas as manhãs enquanto me visto, ok?) não são assim tão poucos...
Quer-me cá parecer que a task-force é uma oportunidade de ouro para arranjar mais uns quantos jobs for the boys and girls......
Mas ainda não entrámos noutras questões da classificação!
Esta é apenas um exemplo. Começa-se nos condutores, acaba-se nas pessoas em geral.
Amanhã teremos alguma sinalética para os que pagam impostos, para os que os pagam assim-assim e para os que os não pagam de todo.
Ou, mais engraçado ainda:
Um emblema para os que fazem sexo todos os dias - emblema verde. Para os que fazem 1 vez por semana, mas todas as semanas - emblema laranja. Para os que fazem 1 vez por ano, quase todos os anos - emblema vermelho. Claro que os que se encontram em categorias intermédias teriam emblemas com tonalidades cambiantes ehehehe.
Apanhei-vos!!
Devem estar a pensar que sou uma pessoa extraordináriamente imaginativa para inventar uma coisa destas.
Pois não sou. Sou só um bocadinho imaginativo e não inventei as classificações.
Na Alemanha do III Reich as pessoas eram classificadas consonte a sua religião - quem não se lembra das "estrelas de david" amarelas? - ou consoante a sua orientação sexual - as pessoas homossexuais eram obrigadas a usar um triângulo côr-de-rosa nas suas roupas para claramente mostrarem ao mundo as suas preferências.
Um pouco na linha do que se pretende com o dístico no carro: no canto inferior do esquerdo do pára-brisas, em local bem visível!
Mas nesta fúria classificativa que agora se avizinha eu também proponho uma:
Porque não classificar os políticos?
Com um sinalinho verde no meio da testa os muito bons - mas não mais que 5% em todo o aparelho de estado (afinal, também não pode haver mais de 5% de funcionários públicos com a avaliação de excelente nos serviços, não é?).
Já os menos bons seriam marcados com um sinalito cor de laranja também no meio da testa. Finalmente a grande maioria: um sinalão vermelho do tamanho de toda a testa.
Este sistema traria algumas vantagens: Saberíamos distinguir logo nas campanhas eleitorais quais os políticos que os conviriam sem gastar muito dinheiro: bastava que se passeassem que logo todos viam das qualidades de cada um.
Se um político se portasse mal, seria despromovido à cor abaixo. Todos fariam o melhor possível para conseguirem o sinalinho verde. Aí, sim, teríamos políticos esforçados na causa do serviço público!
Acabariam as discrepâncias do estilo: todos os trabalhadores deste país são obrigados a reformarem-se aos 65 anos. Aos políticos é exigido que trabalhem até aos 50 anos?
Testa vermelha para quem inventa estas regras, digo eu!