É.
Começou hoje a campanha para a Câmara Municipal de Lisboa.
Entre as asneiras cheias da criatividade do costume, como Manuel Monteiro iniciar a sua campanha à frente da sede de candidatura de Carmona Rodrigues (provocação? quem acredita nisso? foi uma coincidência, foi o que foi.... calhou ser ali, pronto...) fiquei desgostoso com uma em particular.
Eu explico.
Um dia, na minha meninice, resolvi pintar algumas paredes, com algumas palavras de ordem.
Tempos maravilhosos.
Nessa altura, tudo era simples: quem era conservador de direita era conservador de direita, quem era liberal de esquerda era liberal de esquerda, quem não alinhava nem num lado nem noutro tinha ainda 3 opções: ou bem que era anarquista, ou neo-nazi ou ainda marxista-leninista.
Eram as extremas.
A extrema direita, a extrema esquerda e a extrema não me chateies porque sou contra. O quê? Não interessa, sou contra.
Hoje em dia tudo se misturou.
A direita preocupa-se com os velhinhos: foi ver o amiguinho Telmo Correia, acompanhado do amiguinho Paulo Portas, a visitar os idosos que se encontram em instituições de acompanhamento a pessoas séniores.
A extrema-esquerda, na pessoa do Sr. Dr. Garcia Pereira (e o camarada? perdeu-se, pois, que isso não paga nada), ilustre representante do PCTP-MRPP (Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses/Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado para os mais novinhos) foi visitar não o Bairro 1º de Maio, não a Picheleira, mas a Urbanização do Parque das Nações, onde os ilustres cidadãos se queixaram da falta de transportes públicos e, pasme-se, a situação aterradora da falta de conclusão da Marina do Parque das Nações.
É aterrador.
Assistimos a uma completa inversão dos valores da direita e da esquerda. O CDS-PP preocupa-se com os velhinhos dos lares e o PCTP-MRPP preocupa-se com a Marina...
Esperem, já percebi.
Velhinhos seremos todos, se tivermos alguma sorte, portanto a direita apenas demonstra capacidade de avaliação do futuro porque ela própria será um dia velhinha, ou idosa, ou geronte (mais chique) e para se pensar no futuro o melhor é começar hoje....
E, no Parque das Nações, a tal notícia bombástica de que o reitor da Independente falava:
Afinal, os apartamentos não são de super-hiper-mega luxo (Floribela, onde estás tu???) mas apenas alojamentos humildes para os pescadores do estuário do Tejo. Eles foram retirados das suas casinhas, no Mar da Palha, em Vila Franca de Xira, em Alhandra, no Seixal, Arrentela, etc, e foram todos colocados lá, no dito Parque.
Claro que eles teriam que continuar a exercer a sua actividade. Afinal, um trabalhador sempre paga impostos.
Assim, a referida marina seria essencial.
Os pescadores estacionaram aí os seus barcos, batéis, o que quer que seja, de onde partiriam para a sua faina diária.
De facto, ao inviabilizar a Marina do Parque das Nações, de facto está-se a impedir a normal laboração dos pescadores do Tejo.
E aí, sim, a razão do líder do PCTP-MRPP chamar à ribalta o problema da Marina...
Perceberam?
Eu também não....
Só me sinto feliz porque eu não sou eleitor em Lisboa.... não os invejo, pois...