Esta é uma notícia publicada no Jornal "Global" a 11-10-2007.
Eu nem queria acreditar no que lia.
Fez-me lembrar uma história que li há uns aninhos, em banda desenhada.
Quem se lembra daquela menina hiper-crítica, enfant-terrible, que dava pelo nome de Mafalda?
Pois, é verdade. Naquela história em particular o Filipinho, se não estou em erro, dizia que era uma injustiça terem que esperar morrer para colocarem o nome dele numa rua. A Mafalda ficava espantada e ele continuava afirmando que se colocassem o nome dele agora numa rua serviria como incentivo para fazer grandes coisas quando crescesse.
Tinha a sua lógica, embora se assemelhasse um pouco a um cheque assinado em branco. E se a putativa personalidade depois não cumprisse? Já se viu a trabalheira para repor tudo na primeira forma?
À época, ainda pensava que apenas se usava o nome das pessoas na toponímica apenas depois de falecidas por uma razão que considerava válida:
E se depois de uma artéria baptizada com o nome de Fulano dos Anzóis, com o respectivo titular do nome ainda vivo e de boa saúde, este praticasse algum acto daqueles mesmo muito hediondos, como esmagar uma pobre lagarta debaixo do seu sapatorro, de propósito?? Ainda daríamos como nome da artéria o nome de tão baixo carácter? Não, pois não?
Mas o facto é que o nome já lá se encontrava e Fulano dos Anzóis libertaria a sua gargalhada demoníaca (sim, porque tão desprezível criatura deveria possuir uma gargalhada demoníaca) a pensar nos pobres papalvos que aplaudiram o baptismo daquela artéria com aquele nome.
Se a regra fosse praticada teríamos a certeza que não seríamos enganados por Fulano dos Anzóis e ele bem poderia praticar a sua gargalhada onde bem entendesse que nós ficaríamos felizes por não ter caído nas patranhas do biltre.
Mas afinal nem o Filipinho, nem a Mafalda, nem eu temos razão....
Parece que se podem auto-intitular as ruas, avenidas, travessas e outras que tais.
Basta ler o recorte de jornal.
E não podemos pensar que o senhor que aparece na notícia é semelhante ao nosso famigerado Fulano dos Anzóis.
É que ele está há 14 anos à frente daquela autarquia e, para isso, é necessário que as pessoas votem.
E para as pessoas votarem nele continuamente é porque ele merece (que me desculpem os senhores da L'Oreal).
E para ele merecer é porque alguma coisa de bom, no entendimento daquelas populações, ele fez.
Portanto está justificado.
Tal como o Hugo Chávez....