Sábado, 13 de Outubro de 2007
Das ruas e seus nomes

 

 

Esta é uma notícia publicada no Jornal "Global" a 11-10-2007.

 

Eu nem queria acreditar no que lia.

 

Fez-me lembrar uma história que li há uns aninhos, em banda desenhada.

Quem se lembra daquela menina hiper-crítica, enfant-terrible, que dava pelo nome de Mafalda?

Pois, é verdade. Naquela história em particular o Filipinho, se não estou em erro, dizia que era uma injustiça terem que esperar morrer para colocarem o nome dele numa rua. A Mafalda ficava espantada e ele continuava afirmando que se colocassem o nome dele agora numa rua serviria como incentivo para fazer grandes coisas quando crescesse.

Tinha a sua lógica, embora se assemelhasse um pouco a um cheque assinado em branco. E se a putativa personalidade depois não cumprisse? Já se viu a trabalheira para repor tudo na primeira forma?

 

À época, ainda pensava que apenas se usava o nome das pessoas na toponímica apenas depois de falecidas por uma razão que considerava válida:

E se depois de uma artéria baptizada com o nome de Fulano dos Anzóis, com o respectivo titular do nome ainda vivo e de boa saúde, este praticasse algum acto daqueles mesmo muito hediondos, como esmagar uma pobre lagarta debaixo do seu sapatorro, de propósito?? Ainda daríamos como nome da artéria o nome de tão baixo carácter? Não, pois não?

Mas o facto é que o nome já lá se encontrava e Fulano dos Anzóis libertaria a sua gargalhada demoníaca (sim, porque tão desprezível criatura deveria possuir uma gargalhada demoníaca) a pensar nos pobres papalvos que aplaudiram o baptismo daquela artéria com aquele nome.

Se a regra fosse praticada teríamos a certeza que não seríamos enganados por Fulano dos Anzóis e ele bem poderia praticar a sua gargalhada onde bem entendesse que nós ficaríamos felizes por não ter caído nas patranhas do biltre.

 

Mas afinal nem o Filipinho, nem a Mafalda, nem eu temos razão....

 

Parece que se podem auto-intitular as ruas, avenidas, travessas e outras que tais.

Basta ler o recorte de jornal.

 

E não podemos pensar que o senhor que aparece na notícia é semelhante ao nosso famigerado Fulano dos Anzóis.

É que ele está há 14 anos à frente daquela autarquia e, para isso, é necessário que as pessoas votem.

E para as pessoas votarem nele continuamente é porque ele merece (que me desculpem os senhores da L'Oreal).

E para ele merecer é porque alguma coisa de bom, no entendimento daquelas populações, ele fez.

Portanto está justificado.

 

Tal como o Hugo Chávez....

 

 



publicado por amexilhoeira às 22:31
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